MESTRE AMBRÓSIO – MESTRE AMBRÓSIO (1996/2025)
Vinil Importado , Novo, Marafo Records, 2025.
O primeiro disco da banda pernambucana Mestre Ambrósio, lançado originalmente em 1996, em meio a efervescência do movimento manguebit.
O projeto gráfico foi todo desenvolvido em serigrafia, um processo de impressão totalmente manual, dando características únicas ao material gráfico.
Quem tem o CD, vai perceber que, apesar da capa escolhida na época ser outra, as artes que compõe o projeto gráfico do LP, também fazem parte do CD, e foram desenvolvidas pelo estúdio Dolores & Morales.
TRACK-LIST:
DESCRIÇÃO
Lançado em 1996, em meio à intensas movimentações do manguebit, o primeiro disco do Mestre Ambrósio era uma revelação: uma sonoridade crua, forte, visceral e incomum, nascida de uma relação intensa e radical com os longevos e imensos fluxos musicais do Nordeste brasileiro, sem apelos a conceitos nacionalistas ou discursos xenófobos, cultivando ainda uma abertura sutil para elementos do rock inglês e norte-americano e para múltiplas sonoridades cultivadas no centro, oeste e norte do continente africano.
Para entender o impacto que a banda causou, é preciso ter consciência de que os trabalhos mais instigantes daquela época – Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A – embora tivessem entre suas virtudes uma aproximação muito original do universo pop com algumas vertentes pouco celebradas da música brasileira, deixavam transparecer uma imersão muito mais profunda na cultura do hip-hop, do punk, do post punk, do metal e da psicodelia.
A banda, uma das maiores responsáveis pela renovação do forró pé-de-serra, também aventurou-se criativamente por formas de música, dança e poesia até então pouco valorizadas (ou mesmo desconhecidas) pela juventude dos grandes centros urbanos: cavalo-marinho, maracatu de baque solto, coco de roda, cantoria de viola e banda de pífanos. No caminho, ampliou as possibilidades de utilização de instrumentos pouco lembrados por sua geração, mas outrora muito populares no Nordeste – a rabeca, a viola dinâmica, o fole de 8 baixos, o pandeiro, o ilú, a zabumba – e ajudou a chamar a atenção para mestres reconhecidos apenas na região da Zona da Mata Norte de Pernambuco, como Luiz Paixão e Biu Roque.
As belas composições de Siba, um dos músicos mais criativos de sua geração, são um dos pontos altos do disco. Ao mesmo tempo em que demonstram um raro domínio das linguagens musicais e poéticas criadas e cultivadas no Nordeste, conseguem alcançar o estágio ainda mais raro em que o estilo pessoal do autor é imediatamente reconhecível. A força dessas composições, aliada à maestria dos percussionistas Éder ‘O’ Rocha, Hélder Vasconcelos, Maurício Alves e Sérgio Cassiano, à precisão do baixo de Mazinho Lima, à expressividade da rabeca de Siba, e à performance coesa do conjunto, mantém intactos até hoje o frescor e a relevância do disco.
É inegável a forte influência do Mestre Ambrósio sobre um grande número de músicos jovens a partir do final dos anos 90. Alguns exemplos claros dessa reverberação podem ser percebidos no trabalho dos grupos pernambucanos Chão e Chinelo (do qual fui integrante, ao lado de Maciel Salu, Nilton Júnior e Mestre Nico), Comadre Fulozinha (da qual fizeram parte Karina Buhr, Alessandra Leão e Isaar), Rabecado, Azabumba (bandas que contaram com Juliano Holanda e Publius) e Quarteto Olinda (com o potiguar Cláudio Rabeca); da cantora Renata Rosa, paulistana radicada no Recife; dos paraibanos da Cabruêra e dos cearenses da Fulô da Aurora; além de inúmeros grupos de forró surgidos no sudeste brasileiro, na Europa, América do Norte e Japão.
Caçapa
São Paulo, junho de 2021
4 em estoque
Informação adicional
Peso | 0,500 kg |
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Dimensões | 33 × 37 × 3 cm |